Amigas do Peito

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27 dezembro 2005

"A vida só é possível reinventada"

O Inverno chega quase sempre silencioso e frio. Engana-nos com as festas do Solestício ou enganamono-lo nós a ele, festejando a luz, o astro rei que baixo voa no céu. Cantamos, dançamos, e ficamos, por que razão, ficamos também, nostálgicos...
Por que são tristes tantos poetas? Por que não somos capazes nós, gente comum, de evitar a tristeza, a dor, a doença, as desgraças... onde esquecemos a solidariedade, o gesto amigo, o abraço redentor?
"A vida só é possível reinventada"... palavras de Cecília Meirelas, poetisa brasileira, nascida em 1901, morta aos 63 anos, que escreveu textos lindos, mas a maior parte das vezes, bem tristes!
Sigamos pelo menos o seu conselho. Tenhamos nos nossos dias um instante ao menos, em que sejamos capazes de reinventar este nosso quotidiano. Os mais belos contos do mundo têm sido contados durante as longas noites de Inverno... Quem nos quer contar um?

19 dezembro 2005

No reino da Fantasia...

Ontem, subimos ao oitavo andar e fizémos a festa. Chá quentinho, bolos, pãozinho, empadinhas, pastéis... um único marido. Um homem de coragem que acompanha a sua mulher! Um médico, também de fibra, que acompanha as suas doentes, na alegria como na dor. Bençãos para eles!
Uma nova amiga. Um novo depoimento que nos deixa em comunhão. Será que levou dali algum alívio? Sentimo-nos sempre tão impotentes diante da dor dos outros! Que o teu Natal Amiga te ponha no sapatinho toda a coragem de que necessitas para vencer a batalha! E, mais uma de nós a enfrentar outra escaramuça: ablacção do ovário. Tu és a mais doce de nós, vais ver que vai correr tudo bem! Antes do grupo se ter formado, estavas menos acompanhada, hoje tens umas quantas guerreiras na retaguarda. Força Amiga! Vais ver que as tuas lágrimas se tornarão uma fonte e essa fonte, um rio. E um rio é quase invencível!
Já quase no final, chegou clara e brilhante, em flocos de esferovite, a neve sobre as nossas cabeças. Branca é, embora morena... adivinhem de quem partiu o melhor momento de irreverência e felicidade!
Amigas do peito, " a Fantasia é o oxigénio capaz de nos libertar da tristeza" como diz a escritora Madalena Santos. Usem-na! se estiverem bloqueadas, peguem no filme E.T. e vejam-no até ao fim. Vão ver que resulta. E, porque nós merecemos, que todas tenhamos um BOM NATAL!

12 dezembro 2005

..."Onde em nós a casa mora"

Há já alguns bons anos, minha irmã Madalena, nascida em Moçambique, ofereceu-me um livro de contos de Mia Couto. Ela exultava de tal modo com a escrita e o mundo onírico deste escritor, tão jovem ainda, que fui obrigada a lê-lo. Escusado será dizer-vos que não mais perdi uma única publicação dele.
Mia Couto tem imensos admiradores no meio dos nossos amigos. Não o conhecemos pessoalmente, como não conhecemos Saramago ou Agustina, mas eles fazem parte do nosso acervo afectivo e literário, do quotidiano das nossas conversas, dos nossos pensamentos estéticos, muito para além de meras referências literárias.
Às vezes copio para cadernos algumas das frases dos seus livros, como quando era estudante de liceu. Ontem, ao abrir um desses cadernos, dei com esta fala do Avô Mariano ( cap.4 As Primeiras Cartas, de "Um Rio Chamado Tempo/Uma Casa Chamada Terra") "O importante não é a casa onde moramos. Mas onde em nós a casa mora."
Ultimamente esta ideia tem sido referenciada até no cinema. Em O Fiel Jardineiro, em exibição, o marido diz da mulher morta: "Tess era a minha casa"...
Poucas são as pessoas que conseguem construir os alicerces interiores que lhe permitem ter o "onde em nós a casa mora" pois, podendo esta existir realmente, onde nós quisermos, difícil é colocá-la no mais dentro de nós, dar-lhe espaço carinhoso o suficiente, e arranjar aí nesse imaginário interior, um lugar para nos edificarmos com ela, dentro dela e dentro de nós. Esta casa não está à venda, é imaterial e terna e só permitimos a entrada a quem convidamos com muito amor.

09 dezembro 2005

" É festa, é festa, é festa"...

Amigas:
Graças à vida, no próximo dia 18, na sala onde costumamos reunir, vão-se ouvir os guizos das renas do Pai Natal e, espera-se, o coro mavioso das nossas vozes, reunidas para cantar algumas canções festivas.
Vão afinando as vozes, esmerando as receitas e puxando pela imaginação para ver quem é a mais animada.
Não se esqueçam de levar também, alguns textos para o nosso blog!

02 dezembro 2005

Se eu morasse na serra, queria que nevasse

"O meu mar é o ar.
Vem nu, vem nu, vem vento
E leva-me a viajar
Por cima do tempo.

Sou tudo o que se quiser
Leão e gato
Homem, mulher,

Fruto e sapato.


Sou feita da imaginação
da água.

A minha raíz está no mar
e nas folhas das árvores.

Quando tenho saudades
da terra choro

c
h
o
v
o
.
.
.
chovo " Mário Castrim


Saudades da terra, da serra, da neve. Na cidade grande chove, chove, mas temos o Mário, os poemas do saudoso Castrim. E feitos da imaginação da água, chuva ou neve, voltejamos no ar e somos felizes!

01 dezembro 2005

"Mãe eu queria ver..."

Na terça-feira passada, ouvi uma notícia que me deixou, particularmente, feliz. Algures, na India, um menino de catorze anos, sentou-se há seis meses, debaixo de uma árvore, para meditar, lá permanecendo, até à data, sem comer nem beber.
Os habitantes daquelas paragens perguntam-se se ele não será uma reencarnação de Buda.
Que o menino exista e se tenha sentado para meditar é já um "milagre" fascinante. Um " Suave Milagre", conto de Eça de que não é possível deixarmos de lembrar: "Nesse tempo, Jesus ainda não se afastara da Galileia e das doces, luminosas margens do lago de Tiberíade - mas a nova dos seus milagres penetrara já até Enganim, cidade rica, de muralhas forte, entre olivais e vinhedos, no país de Issacar." ...
O que levaria Eça, um homem racional e moderno, a evocar de modo tão belo o "doce rabi" que curava todos os que o procuravam e se tornara "a esperança dos tristes"?
O que leva, hoje, a que jornalistas de todo o mundo ou seja da aldeia global em que vivemos, a dar uma notícia assim? Como precisamos de acreditar no Bem, no Belo e na Justiça!
Que seja um menino, um rabi, uma menina, um bebé, uma fábula, um conto, uma canção, um filme, uma música, precisamos todos de dar lugar a que algo novo e suave entre de vez em quando nas nossas vidas, nos nossos magoados corações...